De antemão é importante que se saiba que o que se será trabalhado em uma análise com um analista homem é diferente do que será trabalhado com uma analista mulher. Mas também é verdade que cada análise, seja o analista homem ou mulher, é uma análise: muda a dupla, muda a análise.
Isso porque se a análise depende do par (e isso é a coisa mais verdadeira que existe), o que será descoberto em uma análise específica depende do encontro entre as experiências de vida daquele determinado paciente e das experiências de vida daquele determinado analista (que é velho ou jovem, que é casado, solteiro, viúvo ou divorciado, que tem filhos e netos ou não, que é homem ou mulher, que já viveu perdas ou não, que já fez uma, duas ou três análises com pessoas diferentes).
Por outro lado, como a análise é um processo sempre inacabado (porque o inconsciente não tem “fundo” a que se possa chegar), independente de você fazer análise com um homem ou com uma mulher, estará lucrando com isso, no sentido de conhecer mais sobre si mesmo.
Outra coisa: como todos nós temos um pai e uma mãe (embora isso seja negado por vezes), conflitivas com o pai serão evocadas se o analista for homem, assim como conflitivas maternas serão evocadas se a analista for mulher. Da mesma forma que o sexo do analisando irá acionar no analista suas próprias conflitivas masculinas e femininas, paternas e maternas. O que quero dizer é que o fato de o analista ter um pênis, assim como da analista ter seios e uma vagina evocarão diferentes vivências no analisando sempre vinculadas à sua própria história de vida e à história de sua doença.
Por outro lado, é preciso compreender que se o analista tem um corpo (um pênis, uma vagina) que o localiza dentro do gênero masculino ou feminino, isso não significa que ele não possa ocupar psiquicamente outro papel na sala de análise. Pois, sabemos que as funções feminina e masculina, se estão ancoradas no corpo, não se definem nem se constituem somente a partir dele. Para a psicanálise as funções masculina e feminina são funções psíquicas e estão ligadas, respectivamente, à atividade e à passividade (no sentido de receptividade do bebê e do pênis). Nesse sentido, espera-se que o analista possa ter evocado em suas próprias análises sua bissexualidade psíquica, podendo fazer uso de suas duas funções na sala de análise. Isso é tão verdadeiro que será requerido de um analista que ele tenha um bom trânsito por sua função masculina para fazer interpretações, que exigem uma certa dose de atividade. Mas, também será requerido que ele possa utilizar sua função feminina com as respectivas capacidades de continência e acolhimento. Tudo isso independente do seu sexo biológico.
Já ouvi algumas pessoas dizerem que se sentem mais à vontade com terapeutas mulheres e penso que há um elemento cultural nisso. Historicamente aprendemos a associar funções de cuidado (terapeutas, enfermeiras, professoras, etc.) à mulheres. Mas conheço homens que são mais capazes de maternagem e de cuidado do que muitas mulheres, então não penso que isso possa ser uma regra. Felizmente hoje muitos homens têm ocupado, e com brilhantismo, estas funções que antes eram associadas somente às mulheres.
Portanto, dou um conselho: se você está preocupado com a questão do sexo do seu futuro terapeuta ou analista, não deveria se preocupar muito com isso. O mais importante é que, acima dele ser homem ou mulher, ele é um ser humano. É esta qualidade – a de ser um ser humano – que será o mais importante para o trabalho que vocês irão desenvolver juntos. O resto está mergulhado neste insondável mundo do imprevisível, do imponderável e do misterioso.
Não sou psicóloga, mas gostaria de entender um pouco, principalmente a criança. Amo psicologia, mas não tenho dinheiro para cursar.
Sou formada em pedagogia, caso faça a pós em, psicopedagia, vai dar certo?
Maria de Lourdes, bom dia. Seria preciso entender melhor o que você quer dizer com “entender um pouco, principalmente a criança”. Pode ser que você queira entender melhor a criança que existe dentro de você. Se for isso, o melhor lugar para realizar tal tarefa é um divã. No caso da psicopedagogia, o profissional (até onde entendo, já que não é minha área) trabalha cuidando dos problemas comportamentais que prejudicam o aprendizado da criança. Tem um pouco de psicologia no currículo, mas ele não é habilitado a fazer psicoterapia infantil. Seu foco é a aprendizagem e os distúrbios que podem prejudicar este processo. Talvez você possa conversar diretamente com um psicopedagogo para entender melhor o que ele faz. Abraços.
Olá Ana Laura.Sou médica aqui na cidade de Foz do Iguaçu. Fiquei traumatizada com a terapia cognitivo comportamental. Logo na primeira sessão o psicólogo me disse que o tratamento dele era rápido. Fiquei chocada. Pensei: o que tenho de errado? Porém persisti até o dia em que comentei com ele que, quando trato de pacientes com dor crônica, alguns não querem melhorar. Daí ele falou que era por causa da carência e que ele não podia dar o que eu queria. Fiquei muito triste, na verdade entrei em depressão. Só me restou a alternativa de então dizer para ele que eu estava revendo as minhas crenças, para livrá- lo de mim. E foi o que ele fez.Aproveitou para dizer que então a terapia estava acabando, pois já tinham passado doze sessões. Até hoje fico muito triste por ter me sentido tão rejeitada. Sou bem sucedida, bem casada, boa aparência. Porque ele me tratou assim?
Andréa, bom dia.
Sinto muito pela sua experiência negativa com este profissional. É difícil saber exatamente o que se passou, sobretudo porque não conheço a terapia comportamental, mas posso pensar em algumas hipóteses para tentar te ajudar a compreender.
É desejável que todos os psicólogos que cuidam de pacientes façam ou tenham feito terapia, pois nós precisamos ter uma mente muito equilibrada e sadia para cuidar dos pacientes, já que o nosso trabalho é muito difícil. Entretanto, infelizmente nem todos os profissionais tomam este cuidado e às vezes pode acontecer dele não estar dando conta das angústias do seu paciente e encontrar maneiras de mandá-lo embora, como aconteceu com você.
Parece-me que você sentiu que ele estava te mandando embora porque você tinha algo de errado, mas acho que não deve pensar assim. Provavelmente o que aconteceu tem mais a ver com dificuldades que ele talvez estivesse tendo no momento.
O paciente não tem que cuidar do psicólogo, assim como a criança não tem que cuidar dos pais. É o psicólogo que deve dar conta do paciente, assim como os pais que devem dar conta dos filhos.
Sei que pode ter ficado desanimada com esta situação desagradável, mas não desanime em procurar ajuda. Algumas pessoas passam por dois ou três profissionais até finalmente encontrarem alguém com quem se afinam.
Se você quiser, pode tentar procurar um psicanalista da próxima vez. Entre os psicanalistas é prática comum que eles próprios façam ou tenham feito terapia muitos anos. Isso significa que você terá mais chance de encontrar alguém que esteja com a mente sadia para te ajudar.
Forte abraço e boa sorte!
Realmente esta terapia “fast” me chocou,pois nas aulas e praticas de acolhi e escuta,não se deve apressar a terapia e muito menos “correr” com o paciente,este psicologo certamente não está fazendo terapia pra estar apto e mente limpa no acolhimento ao paciente,lamentável este acontecimento.