Caro leitor, façamos um exercício imaginativo. Imagine esta cena:
Você está bem velhinho, talvez com 80 ou 90 anos de idade. Todo o seu corpo dói. Ele não responde mais aos seus comandos cerebrais. Você quer que sua perna se movimente rapidamente, mas ela é mais lenta que uma tartaruga. Sua visão é opaca e borrada. Não pode mais enxergar a beleza das flores ou o rosto do seu netinho com nitidez. A única memória que possui da beleza da vida são aquelas que lhe restaram dentro da cabeça, já bastante desmemoriada. Além de tudo, você está apavorado com a proximidade da morte: o maior temor de todos os seres humanos viventes. Ela está para chegar, e o mais terrível é que você não tem a menor ideia de quando ela virá: se hoje, amanhã ou no ano que vem. O seu estado de incerteza é absoluto. Sua audição está péssima. Sente-se o tempo todo mergulhado em uma piscina funda. Não pode mais ouvir o barulho da chuva ou o riso do seu neto ou o canto dos passarinhos, que sempre alegram o coração humano, mesmo daqueles mais amargurados com a vida.
Continuar lendo A angústia de envelhecer e o ódio do jovem com a velhice.