* Palestra proferida no dia 28 de março de 2016 no curso de Psicologia da UNAERP (Universidade de Ribeirão Preto), na disciplina Psicologia do Desenvolvimento Humano II, a convite da Profa. Me. Lilian de Almeida Guimarães.
Gostaria de começar minha fala de hoje com um trecho do romance “O homem sem qualidades” do escritor austríaco Robert Musil, escrito em 1931. Este livro foi considerado um dos maiores romances escritos no século XIX e penso que sua grandiosidade se deve ao fato de o autor ter conseguido captar a essência daquilo que viríamos chamar no século XX de “A era da técnica”.
Mais adiante ficará claro para vocês porque decidi iniciar minha fala com um trecho deste belíssimo romance-ensaio. O trecho que escolhi descreve uma situação aparentemente banal dos grandes centros urbanos. Trata-se de um acidente envolvendo um caminhão e um morto como vítima. Os transeuntes se aglomeram em volta do acidente como abelhas e Musil descreve a conduta de um casal aristocrático frente à cena:
Também aquela dama e seu acompanhante tinham chegado perto e, por cima das cabeças e costas baixadas, olhado o homem deitado. Depois recuaram e ficaram por ali, hesitantes. A dama estava com uma sensação ruim no coração e no estômago, que tinha o direito de considerar compaixão; uma sensação vaga, paralisante. Depois de algum tempo, o cavalheiro disse:
— Os caminhões pesados que se usam aqui têm um tempo de frenagem longo demais.
A dama sentiu-se mais aliviada, e agradeceu com o olhar. Devia ter ouvido antes aquela expressão, mas não sabia o que era, nem queria saber; bastava-lhe que aquilo explicasse o terrível acidente, reduzindo-o a um problema técnico, que já não a interessava diretamente. Ouviram a sirene estridente da ambulância e todos ficaram satisfeitos com a rapidez de sua chegada. São admiráveis essas instituições sociais. Colocaram o acidentado numa maça e enfiaram-na no carro. Homens com uma espécie de uniforme cuidaram dele, e o interior do veículo, que se divisava rapidamente, parecia limpo e ordenado como um quarto de hospital. Afastaram-se quase com a justa impressão de que acontecera um fato dentro da ordem e legalidade.
— Segundo as estatísticas americanas — comentou o senhor —, morrem lá anualmente 190.000 pessoas em acidentes de automóvel, e 450.000 ficam feridas.
— Acha que ele está morto? — perguntou sua acompanhante, ainda com a sensação injustificada de ter visto algo fora do comum.
O que o autor quer nos instigar a pensar com esta cena.
Penso que Musil nos fala da sua perplexidade frente ao fato de que como a era da técnica parece vir ao encontro do anseio humano de amortecer qualquer tipo de reação emocional frente à dura realidade da vida e da morte. Depois de algo que talvez mereça o nome de compaixão, a dama vê-se aliviada com a explicação técnica do homem de que os caminhões pesados têm um tempo de frenagem longo demais. Esta explicação técnica parece buscar dar conta de todo o mal-estar e perplexidade que qualquer ser humano sente frente à morte. Com esta explicação fria, tecnicista, a dama vê-se aliviada e “aquilo” (o problema insolúvel da morte) não lhe interessa mais. Tudo volta “ao normal”. Em seguida vemos a aplicação exata e precisa das instituições sociais que visam limpar qualquer vestígio da morte, de percepção da fatalidade. Em seguida o casal se afasta com a justa impressão de que tudo se passou dentro da “ordem e da legalidade”. Mais adiante chegam as estatísticas. Mais uma vez a técnica está a serviço do aplacamento do mal-estar inerente à vida. Como se números frios pudessem dar conta da angústia inevitável do viver. A morte, Musil termina brilhantemente, é para aquelas pessoas algo “fora do comum”.
Pois bem, vocês podem estar se perguntando o que isso tudo tem a ver com o erotismo e com a psicanálise? Tem tudo a ver.
O erotismo, assim como a morte, são realidades inextrincáveis ao ser humano. Não podemos nos livrar do frenesi da vida, assim como não podemos destituir a nossa subjetividade do desejo que pulsa e que desacomoda o sujeito de si mesmo, causando-lhe fissuras irreparáveis.
É, portanto, visando o questionamento do domínio nefasto da técnica sobre o desejo, que Freud constrói a sua teorização sobre a sexualidade e o erotismo na psicanálise na aurora do século XX.
Notem que Musil, assim como Freud que escreve seu primeiro texto teórico sobre a sexualidade em 1905 (portanto, 30 anos antes de Musil) anteveem os estragos que a pretensão da onipotência da técnica sobre as emoções humanas nos deixaria como legado no século XXI. Ambos são visionários nesse sentido e dialogam entre si, embora em campos distintos.
Na psicologia e mais especificamente no campo da sexualidade enquanto prática higiênica, a herdeira da “era da técnica” foi a sexologia, que dominou o pensamento médico e jurídico desde a segunda metade do século XIX.
O que foi a Sexologia?
Sexologia foi o nome que se deu à disciplina que tomou por objeto de estudo a atividade sexual humana e que tinha como objetivo descrever tais atividades e propor para ela fins terapêuticos. Ou seja, tratava-se de uma pretensão técnica e científica de agenciar o campo do erótico por meio da disciplina do corpo, visando a domesticação dos desejos e a adaptação do sujeito à sua realidade factual.
Para a instauração de tal projeto tecnicista a sexologia partia da premissa de que a sexualidade dita “normal” era aquela que tinha fins reprodutivos e que estava centrada na atividade genital heterossexual, ou seja, o coito praticado entre o pênis e a vagina. Todas as demais práticas sexuais humanas que buscavam o prazer, ou seja, o erotismo mesmo, mas não a reprodução deveria ser localizadas no pólo da perversão e da patologia e deviam ser extintas e controladas por meio de técnicas médicas e jurídicas.
Pois bem, e o que Freud fez frente a este discurso?
Ele não só dialogou com ele, mas propôs uma nova conceituação sobre a sexualidade, não mais fundamentada na biologia organicista da sexologia, mas na concepção do homem como um ser animado e fraturado desde sempre por desejos irreconciliáveis com a realidade. Daí ser mais interessante, para esta perspectiva freudiana, o uso do termo erotismo. Em resumo, o que Freud fez foi subverter a ordem deste pretenso ideal de que o homem, por meio do fazer técnico, iria alcançar a felicidade e o bem-estar pleno, tornando-se um ser plenamente adaptado à sua realidade factual. Freud com sua psicanálise demonstraram que este anseio é da ordem do ideal e que o homem está, desde sempre, imerso em conflitos internos irresolvíveis, com os quais deve aprender a conviver. Neste sentido, o homem da psicanálise deve aprender a abdicar, com resignação e sabedoria, de qualquer ideário de felicidade e de satisfação plena, e aprender a negociar heroicamente com sua condição trágica por excelência.
Mas, vejamos mais detidamente quais foram as revoluções que Freud propôs para o campo do erotismo.
Visando dissociar do corpo biológico a sexualidade reprodutiva e inscrever esta mesma sexualidade no campo do desejo e da ética, Freud postulou que o homem, ao contrário dos outros animais, é dotado de pulsões.
O que são pulsões?
Pulsão é um conceito criado por Freud para dar conta de explicar o excesso energético que acomete o organismo humano desde o seu interior de uma forma perene, constante. Nesta sua postulação Freud parte da premissa básica de que existem dois tipos de estímulos que afetam o organismo humano: os estímulos externos, que chegam de fora. Para estes o organismo desenvolve formas de proteger o seu interior deste excesso de estimulação. Por exemplo, se somos acometidos por um estímulo visual intenso, podemos fechar os olhos. Entretanto, o organismo humano também é constantemente estimulado por estímulos que o acometem a partir de dentro. Tratam-se dos estímulos ligados às necessidades da vida: a fome e o sexo. Ora, como se proteger de algo que vem de dentro? Como a cria humana pode se a ver com esta fonte de estimulação constante que o afeta e diante do qual nada pode fazer, mediante seu despreparo físico e cognitivo, por exemplo, para conseguir se alimentar sozinho? É para dar conta desta situação problemática que Freud cria o conceito de pulsão.
Nesse sentido, a pulsão é este excesso energético do qual o organismo humano precisa dar conta e do qual ele não se livra nunca. Importante frisar que toda satisfação pulsional nunca é plena. Daí o caráter faltante do objeto e do desejo. O desejo, derivado da pulsão, nunca pode ser plenamente satisfeito. No ser humano o desejo só pode ser satisfeito por metáforas, ou seja, por algo que substitui aquilo que se desejava em termos ideais. Toda a engrenagem da produção cultural humana nasce para dar conta desta busca pela satisfação do desejo que, como eu disse, é sempre parcial, metafórica.
À pulsão sexual Freud deu o nome de libido. Este campo energético é móvel, pode estar investido tanto no próprio corpo do sujeito quanto nos objetos (outro) e possui uma variedade de formas e de fontes de satisfação.
Esta pulsão sexual existe desde sempre no sujeito, afetando-o de várias maneiras. Daí que Freud também contraria a ideia da sexologia de que a sexualidade no homem só começa a florescer na puberdade, sendo a criança um ser assexual. Com sua teoria, Freud mostra que a criança é um ser imerso no campo do desejo sexual para os quais ela busca satisfação através do que ele designou por zonas erógenas. A marca fundamental das zonas erógenas é que elas são fendas, orifícios corporais de onde emanam o erotismo e que pedem um complemento vindo do mundo externo (Outro). As zonas erógenas são uma espécie de delimitação entre o interior e o exterior, entre o dentro e o fora, entre o Eu e o Outro.
Para Freud, o sexo é um efeito distante do sexual, sendo que estas duas palavras deixam de ser equivalentes. O corpo deixa de ser somente o somático e o orgânico. Ele é um caldo explosivo e marcado inelutavelmente pelas pulsões. Só este campo pulsional que atravessa o corpo orgânico pode explicar o quanto o gozo erótico pode se contrapor à ordem da preservação da vida. Pelo gozo erótico, a vida pode ser colocada em risco. George Bataille corrobora esta premissa freudiana aludindo que o orgasmo é uma pequena morte. A sexualidade freudiana é regida pela economia pulsional, marcada por intensidades e afetos. Aqui o sujeito neurótico não é aquele para quem se devem prescrever comportamentos adequados (conforme a sexologia), mas é tido como um sujeito aprisionado em impasses sexuais que o impedem de gozar e ter prazer. Nesta leitura, o neurótico é uma espécie de resultado do discurso da sexologia, para quem ela fez algum efeito.
Freud também pontua que ao contrário do que pensa a sexologia, o sujeito humano tem uma atividade sexual desde sempre, marcada pelo campo da fantasia.
Dito isso, qual a relação que podemos estabelecer entre o discurso científico da sexologia, com seu corpo biológico dotado de necessidades orgânicas e a psicanálise, com seu homem fraturado pelos desejos?
Eu diria que a psicanálise vem responder a uma espécie de resto criado pelo discurso biologizante com sua ilusão de completude corpórea. Ora, o modelo de onde parte o discurso da sexologia é o do corpo-máquina, com suas engrenagens funcionando de modo sincrônico e perfeito. O problema é que este modelo mecânico não se aplica ao humano. Desde o nascimento, o sujeito humano é marcado por fendas, por incompletudes, por uma dependência inelutável do outro.
Destas fendas, destes orifícios que pedem um complemento e que fazem de tudo para animá-los é que surge o desejo, ou melhor, o erotismo. A sexualidade freudiana é uma ética do desejo, pautada no terrível paradoxo humano: dependemos do outro para erotizar a vida, mas não há encontro humano que seja capaz de fazer cessar o desejo. Este é o grande paradoxo com o qual cada um de nós tem de se a ver. E é para responder a este terrível paradoxo que existe a sexualidade: Sou incompleto, logo erotizo.
Vocês já observaram como é um bebê de dois ou três meses? Não podemos dizer que ele é uma engrenagem perfeita. Muito pelo contrário. Um bebê humano nesta idade é a pura personificação de como nós nascemos biológica e psiquicamente despreparados para reagir às necessidades imperiosas da lei da vida. Podemos dizer que um bebê nesta fase se relaciona com o mundo através da boca. Ele conhece o mundo pela boca. Por que faz isso? Não é obviamente só porque tem fome. Esta seria uma perspectiva organicista e simplista de ver as coisas. Ele erotiza o mundo com seu orifício bucal que pede desesperadamente por um complemento para seu buraco. A falta já está inscrita ali, de maneira radical e trágica. O que ele fará com isso? Freud responde: no início, o bebê reagindo pela sua onipotência primária, irá alucinar o seio porque sua relação com a realidade é problemática e precária, o que aliás, sempre será para o ser humano. No caso do bebê, será a marca de incompletude que o fará erotizar o seio, depois as fezes, a pele, os olhos, as palavras e tudo o mais em que o desejo humano puder inscrever sua marca. Ou seja, por meio do erotismo o sujeito humano busca tamponar suas fendas para barrar o abismo que existe entre o dentro e o fora, entre o eu e o outro.
Portanto, de onde Freud parte para falar que o homem é animado por desejos que, pela própria metáfora deste, tem como marca fundamental a falta?
Ele parte de um início mítico do humano: a de que todos nós ansiamos em nossa mitologia individual inconsciente retornarmos à uma comunicação perfeita entre nós e os outros, ao apagamento dos hiatos entre o dentro e o fora, a uma perfeita ressonância entre a aparência e a essência, a uma suave sincronia entre as representações e as coisas do mundo. Esta origem mítica da qual cada um de nós partiríamos seria uma espécie de ponto zero ideal da matemática. Lá neste ponto mítico nós seríamos completos, nada nos faltaria, viveríamos num encaixe perfeito com o Outro que nos satisfaria plenamente. Voltaríamos a ser “à imagem e semelhança de Deus”, retornaríamos ao paraíso que para nós enquanto humanos está para sempre perdido. A criança humana fantasia que esta completude mítica se encontra na relação com a figura materna, que Lacan designou como sendo o primeiro grande Outro desta.
Assim, se acompanharmos atentamente a bela cosmogonia descrita no livro de Gênesis poderemos apreender o caminho psíquico que cada ser humano trilha a partir de seu nascimento e que irá culminar, dentre outras coisas, na sua dimensão como ser condenado a desejar, ainda que, no final de tudo, só alcance a própria morte. No mito religioso a humanidade erótica e desejante é alcançada como punição, uma punição designada por Deus para fazer Eva e seu marido pagarem pela curiosidade da primeira. Querendo punir a mulher por sua curiosidade, Deus os condenou à humanos, o primeiro casal divino homem e mulher, estando aí o elemento erótico bem colocado como cerne da nossa condição humana. Depois de terem se transformado em humanos, o primeiro sentimento que os assola é vergonha por estarem nus. Para Freud, desde sentimento atávico de vergonha pelo sexo nenhum de nós irá se recuperar totalmente. Do ponto de vista do discurso religioso (e isso é algo que o filósofo Nietzsche critica muito), a condição humana, antes exaltada pelo homem clássico, sofreu uma decaída radical em termos de valores sendo, o mais grave disso tudo, a colocação da busca pelo conhecimento como algo negativo e potencialmente perigoso. Bom mesmo, diz a religião, é não querer saber, é buscar em Deus a supressão de todas as faltas; a humanidade, por outro lado, fruto do pecado original (a curiosidade e a busca pelo conhecimento), é nesta perspectiva vista como uma condenação, e não como um valor a ser exaltado. Desta forma podemos dizer que houve uma inversão radical dos valores, inversão à qual nós ainda hoje, homens modernos, respondemos de alguma forma.
Voltando ao mito, atiçada pela serpente, representação do desejo que instiga a busca por algo que não se tem (afinal, ter tudo é caminho certo para se cair no tédio!), Eva é levada a comer o fruto do conhecimento pelas suas características de objeto atraente e desejável. Diz o mito: “Eva se viu tentada porque aquele fruto era atraente para os olhos e desejável para obter conhecimento, e então os olhos de ambos se abriram…”
Há aqui uma dimensão ambígua do contato do homem com sua nova realidade. Ao mesmo tempo em que seus olhos agora podem enxergar, porque estão vivos sob uma nova condição (a de humanos), também estão passíveis de experimentar como seres de carne e osso, as dores e delícias da existência. Desde então, vida e morte, o bem e o mau, a beleza e a feiura, o prazer e o desprazer entrarão em uma dimensão dialética constituída por um paradoxo sem resolução. Dizendo de outro modo, a partir de então a existência com todo seu peso de corporeidade se dará não pelo absoluto das coisas, mas por sua relatividade e contraste. O homem só poderá então conhecer o prazer na medida em que experimenta o desprazer; só poderá reconhecer a beleza se seus olhos se deixam impactar pela feiura, e assim por diante.Entretanto, como o desenrolar humano não abdica com facilidade do absoluto (Hegel conseguiu mostrar isso com maestria), para ingressar no pensamento dialético e relativo, permutará entre uma dimensão e outra a vida toda. Freud reconheceu a insistência humana em se fixar no absoluto, por exemplo, quando descreveu o monismo sexual (fálico) que impera como uma primeira forma arrogante de se julgar o Outro.
Continuando na dimensão do mito, o ingresso do ser humano na sua condição dependerá de uma perda irreparável que Freud considerou como sendo a perda do ideal de si mesma. Trata-se de outro vértice da perda do paraíso: quando a criança descobre que outros seres humanos já existiam antes dela com os quais ela mantém uma dívida simbólica. Para Freud este ideal parental, cultural e simbólico (sendo o principal deles a linguagem) é o ideal civilizatório que já existia e estava instituído antes de a criança chegar ao mundo e do qual ela depende para sobreviver e vir a se tornar humana.
O que Freud considerou com isso é que todos nós quando nascemos carregamos conosco uma dívida simbólica com as gerações que nos antecederam. Dito de um modo mais simples: nós não nos produzimos por nós mesmos. Para existirmos, dependendo do ato generoso de um casal que decide dar à vida a nós e de uma comunidade humana que nos acolhe quando chegamos ao mundo, dando-nos um status humano e simbólico (com um nome, um sobrenome, uma filiação, um pertencimento cultural, etc).
Chegamos com isso ao aspecto vinculante do desejo erótico nos seres humanos. É porque somos faltantes, e desejamos aquilo que não temos, que recorremos aos outros. Nascemos tão despreparados física e psiquicamente que se alguém não se ocupasse de nós literalmente morreríamos de fome e de frio. Neste sentido, o erotismo é também uma ética, uma ética da vinculação e porque não dizermos da gratidão, mas isso já seria assunto para outro texto.
*Agradeço a generosidade do psicanalista Abrão Slavutzky que me auxiliou, com sua versão outra, a aprofundar minha leitura acerca do mito de criação de Gênesis.
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PARABÉNS PELO TEXTO!
Foi de ajuda para minha pesquisa sobre erotismo
Abraco