Para tecer minhas reflexões sobre este relevante tema parto de algumas observações colhidas ao longo dos meus anos de experiência como clínica e supervisora. Como supervisora, não é incomum perceber no terapeuta supervisionado a emergência de fortes sentimentos contratransferenciais com relação aos pais da criança atendida. O rol de sentimentos é variado, mas em seu espectro estão presentes ciúme, busca de pacto com um dos membros do casal e rivalidade com o outro, competição com relação à capacidade de cuidado parental (“eu sou melhor pai ou mãe que ele ou ela”), inveja e idealização. Como clínica no atendimento de crianças e pais observo o forte impacto que a transferência dos genitores, estabelecida muitas vezes já no primeiro contato telefônico, exerce sobre a mente do analista.
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