No dia 14/06 fui convidada para participar do Programa TPM, gravado em Ribeirão Preto, com a proposta de discutir o “perfeccionismo”, jargão bastante conhecido do senso-comum. Minha principal preocupação neste momento era conseguir transmitir às pessoas, com uma linguagem acessível, algumas idéias psicanalíticas sobre o tema.
Bem, em primeiro lugar, nós cansamos de ouvir pessoas, leigas nas questões da mente, dizerem que são perfeccionistas. Na verdade, isso é um pleonasmo! Todos nós temos o que Freud chamou de ideal de ego, ou seja, desejos e expectativas, mais ou menos realistas, sobre o que desejamos para nós mesmos, sobre as pessoas que queremos ser, sobre os nossos ideais éticos e morais, etc.
Então, todos nós temos um ideal de “perfeição”, por assim dizer. Basta ver todos os desejos utópicos que permeiam nossa mente: o ideal de um mundo melhor, o ideal de nos tornarmos pessoas melhores, de fazermos um bom trabalho, etc.
E isso é muito bom! É bom que sejamos guiados em nossas ações por um ideal.
Quando este ideal que buscamos passa a ser um problema?
Bem, a busca por este ideal passa a ser problemática quando as exigências que a própria pessoa faz para si mesma, para os outros e para o mundo que a cerca passam a ser irreais ou impossíveis de serem alcançadas. Vou dar um exemplo: se eu tenho um padrão de exigência comigo e com os outros (normalmente isso vem junto) elevadíssimo, eu vou ter muita dificuldade de perdoar as falhas dos outros e as minhas próprias. Conclusão: vou passar a vida toda brigando com os outros e comigo mesma porque o mundo deveria ser diferente e não é!
Pessoas que agem, sentem e pensam desta forma, na verdade, sofrem de padrões internos rígidos e severíssimos. Estão sempre esperando que elas próprias e os outros não sejam nada menos do que perfeitos. E não se perdoam por isso.
Vocês podem imaginar que viver desta forma é torturante, para a própria pessoa e para aqueles que convivem com ela.
Outro problema é que a pessoa que tem este mundo interno rígido imagina que os outros também são assim. Ou seja, passam a se sentir perseguidas também pelos outros, imaginando que ninguém poderá gostar dela se ela não for perfeita.
E como nós humanos estamos longe, mais muito longe mesmo da perfeição (que, aliás, deve ser chatíssimo) esta pessoa terá muita dificuldade de ver graça nas pequenas coisas da vida e de levar a vida com humor, como nos ensinou o grande gênio Chaplin.
Se você se interessou pela discussão e quer ouvir um pouco mais sobre isso, assista ao programa TPM, em que discuto um pouco mais desta questão: